quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

A saga do Rei do Baião sai em DVD e BLU RAY em fevereiro


Histórias emocionantes inspiradas em personalidades nacionais e a música têm sido à fonte de inspiração para o cineasta Breno Silveira, que conquistou o Brasil e o sucesso com 2 filhos de Francisco, cinebiografia contando a trajetória da dupla Zezé Di Camargo e Luciano. Em 2012, o diretor emplacou nada menos que duas produções seguindo a mesma linha. Primeiro o longa de ficção tendo canções de Roberto Carlos como pano de fundo no comovente À beira do caminho e por fim, o esperado Gonzaga - De pai pra filho.


O filme ficou pouco tempo em cartaz em Porto Velho e com o lançamento em DVD e BLU RAY previsto para 14 de fevereiro, o público que não pôde assistir ao filme na tela grande vai poder se deliciar em casa com esta produção que conta a história de dois monstros sagrados da nossa música – O Rei do Baião, Luiz Gonzaga e do filho, o também cantor e compositor Luiz Gonzaga do Nascimento Junior, mais conhecido como Gonzaguinha.


A ideia para o filme surgiu da audição de várias fitas cassete (certamente os mais jovens nem devem saber o que é isso) que registraram as conversas de pai e filho, numa espécie de acerto de contas com o passado.  O que não falta, em Gonzaga de pai pra filho são momentos marcantes na carreira de ambos, e o longa conta esse enredo de duas vidas norteadas pela música, mas desafinadas pela distância, assim como o primeiro amor, a luta contra o preconceito, a paixão adulta, o jeitão tinhoso de ser, o sonho de ter um filho "doutor", o pesadelo vivido para viabilizar essa obsessão e, acima de tudo, o desejo de ter um pai.


A trilha sonora é um show à parte, isso sem falar na excelente reconstituição de época e o elenco de desconhecidos de tirar o chapéu. Vale destacar Júlio Andrade no papel de Gonzaguinha já na fase adulta e Nivaldo Expedito de Carvalho, mais conhecido como Chambinho do Acordeon e Adélio Lima que vivem Luiz Gonzaga na juventude e na fase adulta, respectivamente.

Apesar de ser um filme de ficção, o roteiro de Silveira e Patrícia Andrade mistura imagens reais, resgatando o forte impacto de algumas cenas emocionantes, como o encontro de pai e filho nos palcos da vida. Faz também você viajar pelas muitas músicas de Gonzagão, algumas de Gonzaguinha e sentir um breve nó na garganta.  Gonzaga - De Pai pra Filho superou a marca de um milhão de espectadores se tornando o terceiro filme brasileiro a superar a marca de um milhão de espectadores nos cinemas em 2012.  

Humberto Oliveira

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012


Culturando

Esta semana, para o ponta pé incial do CULTURANDO peço licença para comentar sobre coleções especiais lançadas pelas editoras da Folha de São Paulo e Globo, que se tornaram um verdadeiro manancial para os olhos e ouvidos de colecionadores de plantão. Neste caso, coleções sobre a Música Popular Brasileira, os 50 anos da Bossa Nova, a história do samba, clássicos do Cinema Americano e o melhor do Cinema Europeu.

Coleção Folha reúne 20 clássicos do cinema

Vinte filmes produzidos por Hollywood entre 1932 e 1967, representantes legítimos da força do cinema americano em seu período mais rico, formam a Coleção Folha Clássicos do Cinema. Quase todos os títulos da coleção - que, além do DVD, traz para cada filme um livro com sua história e imagens, biografia do diretor e elenco e comentários dos críticos da Folha foram sucessos de bilheteria e, ainda que boa parte tenha sido desprezada pela crítica da época, com o tempo ganhou o status de "clássico".

 
Filmes como "Pacto Sinistro", de Alfred Hitchcock, "O Falcão Maltês", de John Huston, "Rastros de Ódio", de John Ford, "Uma Aventura na Martinica", de Howard Hawks, "Sinfonia em Paris", de Vincente Minnelli, "Os Doze Condenados", de Robert Aldrich, e "Sete Noivas para Sete Irmãos", de Stanley Donen, são exemplos da potência criativa dos diretores que serviram a Hollywood. Mas a coleção também traz exemplos da força do puro espetáculo ("A Volta ao Mundo em 80 Dias", de Michael Anderson), do artesanato perfeito ("As Aventuras de Robin Hood", de Michael Curtiz), e da rígida carpintaria dramatúrgica ("Gata em Teto de Zinco Quente", de Richard Brooks).

Coleção Folha Raízes da Música Popular Brasileira

Composta de 25 volumes em formato de livro-CD com 64 páginas, cada exemplar conta a história das raízes da Música Popular Brasileira, a coleção traz os sucessos de grandes compositores e seus maiores intérpretes. Além da história deste importantíssimo gênero musical compreendido entre 1920 e 1950, a coleção contempla a biografia dos compositores, suas influências musicais e repertório.

A coleção oportuniza às novas gerações conhecer um pouco sobre o genial e irreverente Noel Rosa; o ecletismo de Lamartine Babo; a sofisticada poesia de Cartola; as harmonias de Pixinguinha; o samba e elegância do mestre Ataulfo Alves; a dor de cotovelo nos sambas canção de Lupicínio Rodrigues, o samba paulista de Adoniran Barbosa; a inesquecível Dolores Duran; o samba exaltação de Ary Barroso; o rei do baião Luiz Gonzaga; o filósofo do samba Nelson Cavaquinho, as canções praieiras e urbanas de Dorival Caymmi; as marchinhas de Braguinha; e ainda Herivelto Martins; Jackson do Pandeiro;  Paulo Vanzolini; Silvio Caldas; Chiquinha Gonzaga; Jacob do Bandolim;  Ernesto Nazareth; Ismael Silva; Assis Valente; Geraldo Pereira;  Waldir Azevedo e Sinhô. Apesar destes grandes nomes, a coleção peca em não incluir o sambista Wilson Batista. Uma pena.

Coleção Cine Europeu da Folha de São Paulo

 Mais uma maravilhosa coleção quase impecável que a Folha lançou e que traz um vasto painel do Cinema Europeu para nenhum cinéfilo botar defeito. A coleção traz 25 títulos no já habitual formato LIVRO/DVD com informações sobre os filmes, atores, diretores e curiosidades. Gênios do cinema e obras primas integram esta belíssima coleção, entre eles, Ingmar Bergman (Morangos silvestres); Giuseppe Tornatore (Cinema Paradiso); Bernardo Bertolucci (Último tango em Paris); Luchino Visconti (Rocco e seus irmãos); Françoise Truffaut (Os incompreendidos); Jean Renoir (A Regra do jogo); Louis Malle (Adeus, meninos); Fritz Lang (Metropolis). Filmes como A Doce Vida; Fitzcarraldo; Asas do Desejo; O Encouraçado Potemkin; Lili Marlene; Roma, Cidade Aberta; Acossado; A Dama Oculta completam a coleção.

Coleção Folha 50 anos da Bossa Nova

 

Alguns já acompanharam e compraram as boas coleções Folha de Música Clássica e Folha Clássicos do Jazz. Agora há outra coleção, desta vez em comemoração aos 50 anos da Bossa Nova. Tal como as anteriores, esta também vem com um livreto em capa dura e um CD imitando vinil (antigo LP). Uma boa oportunidade de adquirir uma coleção que cobre importantes artistas da nossa MPB, nomes como Antonio Carlos Jobim; Dick Farney; Vinicius de Moraes; Baden Powell; Carlos Lyra; Nara Leão; João Donato; Johnny Alf; Lucio Alves; Miúcha (um pouco deslocada); Roberto Menescal; Marcos Valle; Leny Andrade; Pery Ribeiro; Sylvia Telles; Maysa; Wilson Simonal; Os Cariocas; Joyce e Milton Banana Trio.

 Além de sintetizar a obra e a personalidade do artista focalizado, cada volume da coleção traz as letras das canções incluídas no respectivo CD. Inclui também frases do músico, discografia selecionada, bibliografia e lista de participações em projetos especiais e trilhas sonoras.

Se o caro leitor estiver se perguntando como um dos “papas” da Bossa Nova, João Gilberto ficou fora da coleção. Eis a resposta: Ele não autorizou a inclusão de suas obras por discordar do modelo proposto. Coisas de João Gilberto. Vale ressaltar que os textos dos 20 livretos foram escritos por um profundo conhecedor da Bossa Nova – ninguém menos que Ruy Castro, autor de jóias como Chega de Saudade – A história e as histórias da Bossa Nova; Uma onda que se ergueu do mar e Rio Bossa Nova. Nota 10.

Coleção História do Samba
Lançada 1998 pela RCA/BMG/Editora Globo e composta por 40 CDS/Fascículos ricamente ilustrados e com muita informação, esta coleção, que teve como produtores Elifas Andreato e Arley Pereira, é uma ótima oportunidade para saber mais sobre o gênero que se transformou em identidade nacional e sofreu influências de diversos ritmos.

 O samba como conhecemos atualmente, tem origem afro-baiana, temperado com misturas cariocas. Nasceu da influência de ritmos africanos, adaptados para a realidade dos escravos brasileiros e, ao longo do tempo, sofreu inúmeras transformações de caráter social, econômico e musical até atingir as características conhecidas hoje. Em 1917 foi gravado em disco o primeiro samba chamado ''Pelo Telefone''. A música, de autoria reivindicada por Donga (Ernesto dos Santos), geraria polêmica uma vez que, naquele tempo, a composição era feita em conjunto. Essa canção, por exemplo, foi criada numa roda de partido alto (pessoas que partilhavam dos antigos conhecimentos do samba e designava música de alta qualidade), do qual também participaram Mauro de Almeida e Sinhô (José Barbosa da Silva), que se autointitulou ''o rei do samba''. O resto é história, que a coleção História do Samba conta em mais de 600 páginas e 200 faixas com os mais variados interpretes do gênero em todas as suas variações. Imperdível.

Olha só a ótima companhia que o caro leitor pode ter nesta viagem através da História do Samba. Estes e muitos mais.

Adoniran Barbosa (1910-1982) - Reverenciado como o único sambista verdadeiro de São Paulo pelos cariocas, Adoniran Barbosa tirava de seu dia-a-dia os personagens e situações de suas músicas. Seu jeito simples com a fala rouca e contador de histórias o fizeram colecionar muitos amigos, entre eles Elis Regina e Clara Nunes, que também interpretaram muitas de suas canções. ''Trem das onze'', de sua autoria, conquistou o concurso de Carnaval do IV Centenário do Rio de Janeiro, em 1965.


Ary Barroso (1903-1964) - Ficou famoso em todo o mundo com ''Aquarela do Brasil''', o primeiro samba de exaltação patriótica. Órfão de pai e mãe, foi criado pela avó materna e por uma tia. Tocava piano aos 12 anos de idade no cinema de sua cidade, Ubá, fazendo fundo musical para filmes mudos. Formou-se em Direito no Rio de Janeiro. Com a marcha ''Dá nela'' venceu o concurso carnavalesco de 1930.


Ataulfo Alves (1909-1969) - ''Ai, que saudades da Amélia'', em parceria com Mário Lago, é uma de suas mais célebres músicas. Nascido em Miraí, Minas Gerais, mudou-se para o Rio de Janeiro aos 18 anos. Foi diretor de harmonia do ''Fale Quem Quiser'', bloco organizado no bairro Rio Comprido. Carmen Miranda gravou um de seus sambas chamado ''Tempo perdido''.


Cartola (1908-1980) - Marcado por sua sensibilidade inata e sua poesia intuitiva, que o tornaram um dos principais artistas populares do Brasil. Aprendeu a tocar cavaquinho com o pai. Morador do morro da Mangueira, foi o responsável por escolher as cores verde e rosa da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, além de compor o samba-enredo ''Chega de demanda'' para o primeiro desfile da escola.


Chiquinha Gonzaga (1847-1935) - A compositora foi responsável por aproximar a música erudita da popular, uma vez que tinha uma sólida formação de pianista e regente. Chiquinha foi, também, uma das primeiras a introduzir o violão nos salões cariocas. Começou a carreira como compositora de polcas e compôs a primeira marcha carnavalesca brasileira ''Abre alas!''.


Lamartine Babo (1904-1963) - O estilo único de Lamartine Babo era sua interpretação que, por meio de inflexões, destaca o humor e o lirismo de suas canções. Sua carreira no rádio foi iniciada em 1929, na Rádio Educadora, onde cantava e contava piadas. Nos anos 30, compôs marchinhas e sambas para o carnaval como ''Teu cabelo não nega'' (1932). Em 1942, criou o programa de rádio Trem da Alegria, no qual lançou os hinos que compôs para todos os times cariocas de futebol.


Noel Rosa (1910-1937) - Suas melodias mostram um verdadeiro retrato da vida carioca, através do lirismo e do sarcasmo. Tentou estudar Medicina, mas optou pela boemia do bairro de Vila Isabel, reduto do samba urbano cultivado pela classe média. Em 1932, iniciou suas atuações na emissora Rádio Philips. Com mais de 200 composições, Noel tem clássicos como ''Com que roupa?'' (1930) e "Até amanhã" (1932).



 Pixinguinha (1898-1973) - O apelido Pixinguinha vem da mistura de Pizindim (menino bom) num dialeto africano, e Bexiguinha, apelidos infantis. É o autor do samba-choro ''Carinhoso'', que recebeu letra de João de Barro e fez sucesso na voz de Orlando Silva.






Olá,

Bem vindos ao Culturando que inicia hoje (10/12/2012) suas atividades voltadas à divulgação e comentários sobre filmes (cinema, dvd, blu ray), teatro, livros, cds, tv, e tudo mais que permeia a cultura. Não esperem nada convencional, pois o Culturando nasceu com o único compromisso de não ter compromisso, portanto, aqui aqueles que se avetnurarem terão acesso a muitas informações, que poderão ocupar um paragrafo ou duas páginas, dependendo da importância dos assuntos abordados. Aqui há lugar para quase tudo (eu disse quase). Então, amigos se ajeitem nas poltronas, apaguem as luzes, apertem os cintos que a viagem vai começar. Divirtam-se.

Humberto Oliveira